No dia 19 de setembro tive a oportunidade de participar de uma palestra da professora Adalgisa Arantes Campos, cujo o tema abordado foi: “A trajetória iconográfica de Francisco na arte brasileira: talha, escultura, pintura e cerâmica”. Esta palestra foi apenas um de tantos outros eventos que estão sendo promovidos pela Casa Fiat de Cultura, aqui em Belo Horizonte, devido a exposição temporária de muitas pinturas italianas retratando seu santo padroeiro. O tema da exposição é “São Francisco na Arte de Mestres Italianos”.
Na palestra do dia 19 a professora Adalgisa Campos apresentou as transformações iconográficas de São Francisco de Assis no decorrer do século XIII aos nossos tempos atuais que, ao meu ver, é uma preciosidade para quem é amante da arte sacra. Os detalhes das pinturas, as belas silhuetas das esculturas, as delicadezas das artes cerâmicas, são alguns cenários artísticos que nos convidam a participar das cenas que vislumbramos.
Ao enfatizar as iconografias de regiões brasileiras Adalgisa também utilizou algumas obras italianas da própria exposição. Como um dos objetivos da professora foi o de mostrar a representação de Francisco desde o século XIII até a nossa contemporaneidade, foi destacado os temas que mais aparecem nas representações brasileiras, sendo elas: o sonho do Papa Inocêncio III, o êxtase, a impressão dos estigmas, a morte e a glorificação.
Francisco de Assis (1181-1226), pai fundador do carisma franciscano, desenvolveu uma espiritualidade alicerçada na obediência, pobreza e castidade, com o desejo de seguir o Cristo na simplicidade de vida. A sua iconografia foi acompanhando a dinamicidade do contexto histórico. Geralmente Francisco é representado com alguns atributos: com o crucificado; para mostrar que Jesus é o Salvador e que com a cruz chegaremos a Deus; com o crânio/caveira, evidenciando que nesta vida tudo é passageiro; com o breviário, para destacar a vida de oração; com as chagas, salientando a identificação total a Cristo; com os animais, associando-o como protetor da ecologia.
A retratação inicial da fisionomia de São Francisco era como um franzino, de hábito com aspecto de sujo, com aspecto triste. Nesta fase o mundo estava impregnado pelas ideias do purgatório, inferno, almas aflitas, penitências e jejuns. A sua iconografia se associava a este contexto, tendo como uma das representações deste período a de São Francisco da Penitência. Na atualidade já encontramos um Francisco mais alto, rosto reluzente, hábito limpo e aspecto alegre, como aquele servo que foi capaz de pregar até para os animais, sendo invocado como protetor dos animais.
Acredito que a exposição é uma ótima oportunidade para deixar ser tocado pela beleza dos painéis que perpassam o tempo e que trazem consigo não só as belezas artísticas, mas uma história repleta de significados, que se articulam entre a arte, a vida, a cultura e a religiosidade.
Júlio César Santos – 3º ano de filosofia