“O sacerdócio é o amor do coração de Jesus.” São João Maria Vianney

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“O sacerdócio é o amor do coração de Jesus.” São João Maria Vianney

A VOCAÇÃO SACERDOTAL

A Igreja, Mãe e Mestra, nos transmite riquezas profundas sobre o sacerdócio. O valor de tais ensinamentos nos faz perceber a pequenez de nossa existência diante dos grandes mistérios que Deus – ‘por Cristo, com Cristo e em Cristo’ – revela-nos para nos mostrar seu amor que de tão profundo reveste-se de infinito.

Nesse pequeno texto abordarei de forma sintética a palavra da Igreja sobre o sacerdócio ministerial que, ordenado ao sacerdócio comum de todos os fiéis, revelam a unidade do Cristo que se faz presente em todas as vocações que Ele mesmo suscita, pela força do Espírito Santo, no coração da Igreja. 

Portanto, guiados pela Sagrada Escritura e pelo Magistério da Igreja, reflitamos sobre essa vocação tão bela que Deus Pai, na ação admirável do Espírito Santo, nos patenteou no rosto de seu Filho muito amado.

O SACERDÓCIO NO ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento, lemos que Deus escolheu para Si um povo. Esse povo tornou-se uma nação santa e sacerdotal. Essa característica de povo sacerdotal foi assumida pela tribo de Levi que se reservou ao serviço litúrgico. No capítulo 29, 1 – 30 do livro do Êxodo vemos a consagração de Aarão e de seus filhos para tão importante ação.

Instituído para propagar a Palavra de Deus e reparar, através dos sacrifícios de animais a ruptura entre o homem e Deus causada pelo pecado, o sacerdote era sinal da ação atuante de Deus no meio do seu povo. No sacrifício que citamos dois cordeiros deveriam ser oferecidos a Deus duas vezes ao dia: um ao amanhecer e o outro ao crepúsculo. Dessa maneira os sacerdotes faziam o elo entre o povo e Deus. Deus não deixou seu povo sem ministros que representassem sua presença salvadora.

Porém, o sacerdócio da Antiga Aliança e também o rito sacrifical eram figuras que indicavam para um sacerdócio e um sacrifício plenamente perfeitos e santos. Jesus que iria vir na plenitude dos tempos, mostrar-se-ia como Sacerdote eterno do Pai.

CRISTO JESUS: A RAZÃO DA VOCAÇÃO SACERDOTAL

Ao percebermos Jesus como sacerdote estamos enxergando a pessoa dele com os olhos da fé. A fé unida à razão humana proporciona ao homem a capacidade de captar o sentido perene da revelação de Deus ao longo da história.

Nesse sentido, se o Antigo Testamento é a prefiguração do Novo Testamento, as figuras e personagens daquele também apontam para uma realidade posterior que o Novo Testamento nos apresenta. Logo, os sacerdotes da Antiga Aliança “encontram seu cumprimento em Cristo Jesus, ‘único mediador entre Deus e os homens’ (1Tm 2,5). Melquisedec, ‘sacerdote do Deus Altíssimo’ (Gn 14,18), é considerado pela Tradição cristã como uma prefiguração do sacerdócio de Cristo.”[1]

Se no Antigo Testamento sacerdote e vítima eram coisas distintas, no Novo Testamento, Jesus condensa em si essas duas realidades: ele é verdadeiramente sacerdote e vítima. É sacerdote porque oferece um sacrifício ao Pai, que por sua vez recebe não a carne de um animal irracional, mas a vida total de seu Filho que se faz vítima, o Cordeiro de Deus imolado no altar da cruz no Calvário.

 Mas, Jesus é também Deus e homem verdadeiro, nele humanidade e divindade estão em perfeita harmonia e amizade. Dessa maneira podemos dizer que Jesus é o toque de Deus no homem e o toque do homem em Deus. Se lembrarmos de São Tomé que toca o lado aberto de Nosso Senhor, veremos que esse raciocínio se reveste de sentido.

Reveste-se igualmente de sentido nossa reflexão sobre a vocação sacerdotal, pois, se afirmamos, unidos à Igreja, que Cristo é o único e eterno Sacerdote; dizemos que todo ministro ordenado só encontra sentido se seu coração pulsar na sincronia do coração do Senhor, ou seja, se o coração do ministro ter os mesmos sentimentos de Cristo que deseja que todos alcancem aquela dignidade que só Deus pode dar: a santidade. Portanto, todo e qualquer membro da Igreja sem o desejo e o ato de vontade de querer estar unido ao seu Senhor, tocará não o corpo do Senhor, mas o seu próprio corpo decaído pelo egoísmo de viver conforme sua própria vontade.

Jesus amou e fez a vontade do Pai, no Espírito, plenamente. Ele é a razão basilar do ministério sacerdotal. Nesse sentido podemos dizer que o coração do sacerdote é uma manjedoura na qual o Coração de Jesus deve encontrar repouso. Não em vão a Igreja reza que Jesus:

Elevado na Cruz, entregou-se por nós com imenso amor. E de seu lado aberto pela lança fez jorrar, com a água e o sangue, os sacramentos da Igreja para que todos, atraídos ao seu Coração, pudessem beber, com perene alegria, na fonte salvadora. (MISSAL ROMANO, 1992, p.384)

Podemos concluir que a vocação sacerdotal é um grande dom para toda a Igreja, porque esta vocação é de maneira especial, a vocação dos sentimentos do Coração de Jesus, Sacerdote eterno do Pai. Que com “a sua morte dá a vida aos mortos; por sua morte choram o céu e a terra, e fendem-se até as pedras mais duras. Para que, do lado de Cristo morto na cruz, se formasse a Igreja[...]”[2]. É dessa vida de que vive o sacerdote e é dessa Igreja que ele recebe, como dom, o seu ministério. Ser sacerdote é agir como o Senhor, pois esse Senhor é o sol para o qual seus olhos convergem.

Seminarista Francis Regis - 3° ano de Teologia

REFERENCIAS:

BÍBLIA. Português. CNBB. Bíblia Sagrada. 10. ed. Brasília: Edições CNBB, 2010.

IGREJA CATÓLICA; JOÃO PAULO II, Papa. Catecismo da Igreja Católica. 11. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

IGREJA CATÓLICA. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Liturgia das horas: III : ofício divino renovado conforme o Decreto do Concílio Vaticano II e promulgado pelo papa Paulo VI. Petrópolis: Vozes, Paulinas, Paulus, Ave Maria. 2000.

IGREJA CATÓLICA. Missal romano. 8. ed. São Paulo: Paulus, 2003.

[1] Cf. Catecismo da Igreja Católica 1544.

[2] Cf. São Boaventura. Opusculum 3, Lignum vitae, 29-30.47 Opera omnia 8,79. https://www.liturgiadashoras.online/tempocomum/scj

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