No final das missas em nossa diocese sempre se faz o seguinte pedido: “enviai, senhor, operários para vossa messe, pois a messe é grande, senhor, e os operários são poucos”. Mas quem seriam esses operários que a igreja tanto pede a Jesus? Certamente trata-se de vocacionados à vida religiosa; mas como se faz para discernir se alguém possui inclinação ao sacerdócio, à vida consagrada, ou à vida matrimonial? e se for o caso de se estar cometendo um equívoco ao se pensar nisso?
Perguntas assim permeiam a mente daqueles e daquelas que desejam consagrar o que são ao divino mestre. Além do mais, o receio quase sempre tem lugar aqui, pois “ [...] A vida religiosa exige muitas renúncias para ser ‘todo de Deus’, estar a serviço do Seu Reino para a edificação da Igreja e a salvação das almas” (AQUINO, 2010). Tamanha responsabilidade faz com que os jovens perguntem mais de uma vez: senhor, o que quereis de mim?
Certa vez, Dom Bosco disse que não pode haver graça maior para uma família do que ter um filho sacerdote. É verdade. O padre faz o que os anjos não podem fazer: perdoar os pecados, realizar o milagre da Eucaristia, tornar presente o Calvário em cada Missa para a salvação do mundo. Aqui estaria o sentido de ser celibatário (solteiro, em latim): renunciar a própria vida pessoal para que Deus, por meio do sacerdote, possa cuidar com amor de seus filhos. Renunciar a ter esposa, filhos, netos, vontade própria etc. É um casamento com Jesus. Ele disse que receberá o cêntuplo nesta vida e a vida eterna depois quem deixar tudo por causa d’Ele e do Seu Reino.
Em relação às moças que pensam em se doar ao senhor, a resposta de seus conhecidos geralmente é bem desencorajadora. “O que? você quer se tornar freira?” de fato, hoje em dia, uma jovem católica que abdica livremente do mundo para ir enclausurar-se num convento é algo que chama a atenção de qualquer pessoa, inclusive os pais, que geralmente não estão prontos para fazerem a oferta de sua filha ao senhor. Mas nossa confiança está em crer que toda e qualquer vocação, quando aceita e vivida de modo adequado, é um caminho que nos conduz a Deus. Nesse período de discernimento, de verdadeiras esperas, é que ocorre a conformidade das circunstâncias da vida aos desígnios de Cristo e, segundo sua vontade, estende a mão as suas futuras esposas.
Ainda que não seja uma escolha fácil, devemos ter em mente que o senhor da messe não abandona quem o chama, e por isso podemos confiar que Ele é quem guiará o rumo de nossas vidas para onde Ele deseja nos levar. Por isso, para se compreender mais claramente a voz do senhor o/a jovem deve contar com a ajuda de um bom orientador espiritual, um padre ou um leigo experiente para “prestar auxílio nesse discernimento, que é mais frutuoso quando se tem boas companhias a trilhar conosco pelo caminho da vocação, esse desafio de “amor”.
"Este é meu mandamento: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos."(João 15, 12-13).
Seminarista Jhonatan Enrique Fernandes Soares - 3° ano de Filosofia