Saudades do tempo de outrora:
O sol me trazia sabor,
Me gracejara o pé de amora,
o céu fora puro esplendor
e os rios, oh! puro frescor!
Eu me perdi floresta afora,
Sinto, da minha cova, odor.
Se não bastasse, ainda agora
Trovões me julgam com furor.
Cadê? Cadê o meu senhor?
Tropecei em arbustos, ora
Que longos espinhos, que horror!
Alguém ouviu o choro que chora?
Tenha dó desse meu clamor
Pois me farto desse labor.
Ai! Ai! Ai! Porque eu fui embora?
Meu Amado era acolhedor.
Conjuro aos lírios nesta hora:
Se acaso vires meu pastor,
Dizeis que padeço de amor.
Eis que surgem leões na flora,
Então dilacera um agressor.
Logo me escondo em uma tora
Onde só me sobra o torpor,
E como companheira, a dor.
Basta! dessa dor que em mim mora!
Sendo meu próprio predador,
Retornarei antes da aurora
Mas não só como mero ator
E sim contrito pecador.
Mas ei-lo vindo, está lá fora.
Estou sonhando ou é o calor?
Será que essa loucura piora?
Saiba o mundo que meu ardor:
É estar louco de tanto amor.
Seminarista Wellington Rosa de Souza, 3°ano de Filosofia.